sábado, 12 de abril de 2014

Eeeeeeeee !!
Hoje é dia de Historinha dos Leitores, e enviaram duas historinhas pra mim, duas ótimas historinhas, que, mesmo sem título não deixam de ser muito bem escritas.Boa Leitura


Historinha dos Leitores 01:
Nos anos 80, um garoto inglês de apenas 8 anos,após voltar da igreja, o pediu para os pais para ir numa loja de brinquedos que tinha no caminho, a loja era uma casa de madeira gigante e também muito velha, os pais disseram ao filho que podia escolher um brinquedo, então o filho apontou para uma boneca, das mais altas prateleiras da loja, o dono explicou que era uma boneca de porcelana antiga, de 1 metro de altura, já com os olhos arrancados e um vestido azul desbotado, mesmo assim, o menino insistiu que queria a boneca, os pais acharam estranha a atitude dos garotos, mas compraram. O vendedor advertiu que era a boneca da falecida filha dele, que morreu misteriosamente após 3 meses de ter tido contato com a boneca, ele falou que a filha era meio perturbada e numa noite chuvosa, arrancou os olhos da boneca e jogou-a debaixo da cama, na manhã seguinte, amanheceu morta.Quando chegaram em casa, naquela nebulosa tarde, o garoto pegou sua boneca e subiu para o quarto, duas horas depois, o filho se despediu dos pais e disse que ia dormir mais cedo, nada de incomum. Na manhã seguinte havia um bolor estranho na parede principal da casa, eles não se incomodaram muito, após o filho voltar da escola, aquela mesma cena se repetiu, ir para cama sem jantar.Um mês depois, os pais notaram que o filho estava mais pálido e quieto, então leveram ao médico, ele recomendou que os pais passassem mais tempo com o filho. No outro dia, quando o filho voltou da escola, os pais haviam trancado a porta do seu quarto com a boneca dentro, o filho vendo isso, abaixou a cabeça e disse "Eu quero brincar com a minha boneca!" os pais ignoraram o pedido, o filho então gritou "EU VOU BRINCAR COM A MINHA BONECA!!" e nesse exato momento, o lustre de velas caio e quase atingiu sua mãe.Os pais, ambos assustados, abriram o quarto do garoto,dois meses depois e os pais não conseguiam separar aquela boneca dele.Os pais começaram a notar comportamentos mais estranhos ainda no garoto, seus olhos estavam ficando pretos, toda vez que o garoto andava, via-se a sombra de uma pequena criança ao seu lado, quando passava por espelhos, surgiam misteriosas mãos.Os pais já enlouquecidos, chamaram um padre para ver se conseguia fazer algo pelo seu filho, naquele mesmo dia fazia 3 meses que o garoto ganhou a boneca, quando o padre chegou, chamaram-lhe e ele desceu com sua boneca no colo.O garoto deixou sua boneca em pé, ao seu lado, o padre perguntou se havia alguma coisa que ele queria lhe contar, nesse momento, ouviu-se um sussurro vindo da boneca que dizia "Mate todos! Ai poderemos brincar para sempre!" nesse momento, o garoto abaixou a cabeça e mãos começaram a bater nas portas e janelas, de todos os lugares.O padre os os pais muitos aterrorizados, juntaram-se no centro da sala, logo os vidros trincaram e as luzes se apagaram, ninguém sabe o que aconteceu depois disso, só acharam o corpo dos pais e do padre ensanguentados, sem os olhos e com um escrito de sangue dizendo "Você será o próximo! Minhas mãos procuraram dia e noite, até segurar os seus olhos eternamente!" 
Autora:
Camila Schastai


Historinha dos leitores 02
Nota do jornal local:
" O corpo do jovem Tomas M**, de 19 anos, foi encontrado essa manhã por agentes da polícia. Seu desaparecimento foi informado por sua mãe havia dois dias. Ele se encontrava em sua antiga residência, na rua *** número ***, o qual encontrava-se interditada pela polícia para investigação de um crime anterior. O corpo foi encontrado sentado no chão da sala, apresentava duas facas de caça, uma em cada mão, curiosamente limpas e relativamente novas.
O laudo do Iml acusa uma overdose de heroína. Sua mãe alega não saber do uso de entorpecentes pelo filho. Tudo indica um suicídio, uma vez que fora encontrado um bilhete ao lado do corpo do jovem.
" Querida mãe, sinto muito por este meu ato tão extremo, sei que você nunca irá compreender completamente, mas espero que me perdoe e acredite em mim. Preciso fazer isso e não esconderei nenhum dos meus motivos aqui. Diga ao idiota do meu pai que morri sem gostar dele.
Lembro que Ana ficou encantada com a árvore nos fundos da casa e de ter me pedido para pôr um balanço lá. Eu deveria ter feito isso...eu deveria ter feito tudo para ela.
Comecei a descer as escadas, ela me seguia e puxava a minha camisa. Chorava muito.

Desejamos a família muita paz neste momento."
Bilhete de Tomas:
Como vc sabe, nossas vidas mudaram bruscamente de um dia para o outro. Lembro claramente das lágrimas nos seus olhos quando veio me contar que meu pai iria sair de casa, que ele tinha um caso com aquela secretária cafona dele e que a vadia estava grávida. E ele realmente saiu para nunca mais mostrar a cara para a gente de novo. Lembro dos nossos bens congelados por causa do processo e da pensão ridícula que ele pagava. Nós falimos por causa daquele idiota, vc não teve culpa mamãe, por favor não carregue isso.
Por causa do pouco dinheiro vendemos nossa antiga casa e nos mudamos para uma menor, mais afastada. Mas ali poderíamos começar uma vida nova. Eu, você e Ana. Lembra o quão nova ela era? Tinha apenas oito anos, lembra? Sentia orgulho de minha irmãzinha por ela não chorar muito e por nunca ter reclamado. Ela sempre ficava feliz com coisas poucas e bobas. Normal de criança, né? Nossa casa "nova" era um lixo, com todo o glamour que ela poderia oferecer. As paredes eram velhas e descascadas, tudo em todo canto ou estava com defeito ou ia ficar, todo o percurso do chão rangia e era muito mal iluminada. Mas era o que podíamos ter.
Você começou um emprego novo de vendedora de porta em porta, e, fora isso, afundou na depressão dos remédios e álcool. Quando estava em casa estava dormindo, e quando não estava gostaria de estar. Não se culpe, eu e Ana nunca te culpamos, isso foi uma reação normal por 25 anos de casamento sendo jogado fora na sua cara. Você só precisava de tempo.
Tudo começou logo depois da primeira semana que nos mudamos. Eu dormia quando escutei batidas leves, mas desesperadas na minha porta. Acordei e fui abrir. Ana estava ali, com seu gato de pelúcia na mão e chupando o dedão da outra.
- Maninho, posso dormir com vc? Estou com medo.
Deixei ela entrar sem questionar. Afinal, ela era pequena, estávamos em uma casa nova e isso devia ser assustador para ela. Mas isso começou a se repetir, noite após noite, até eu começar a achar aquilo muito irritante. Uma noite, quando ela se deitou na cama, decidi conversar com ela, para ver se acabava com isso. "Do que vc tem medo - perguntei - do quarto novo?". Ela me olhou com aqueles olhos enormes e azuis (ela era tão lindinha, lembra? Sempre pensava no trabalho que ela ia me dar quando crescesse).
-Não, eu tenho medo do Vovô Ed.
Aquela resposta me deu calafrios e decidi deixar ela dormir antes de acabar com a conversa. No dia seguinte, ela estava no jardim, embaixo da árvore e fui falar com ela.
-Aninha, quem é o Vovô Ed?
Ela me respondeu baixinho, quase num sussurro.
-Ele não gosta que fale dele.
-Mas, vc pode falar para mim - retruquei- eu defendo vc.
-Eu sei, ele não gosta de vc. Acho que tem até medo. Fala que vc é muito velho e muito forte. Por isso eu durmo com vc. Lá ele não pode me pegar.
- E a mamãe? Ela também não é muito velha e forte?
- Não, a mamãe é fraca, ela toma coisas que a deixam muito fraquinha. Ela não me escuta bater.
Na hora fiquei entre o achar graça e o me preocupar, o fato dela falar que o tal Vovô Ed tinha medo de mim me divertia, mas a seriedade com que ela falava me preocupava, ela parecia realmente assustada. E como, diabos, ela sabia dos vícios da mamãe? Ela continuou.
- Ele morava aqui antes, sabe maninho, antes da gente. E ele adora criancinhas. Realmente adora. Ele fala que somos criaturinhas deliciosas.
Aquilo me fez gelar e me deu uma sensação de náuseas. Até que ponto vai a imaginação de uma criança? Estava certo que ela estava passando por muitas mudanças, isso com certeza abala qualquer um... Mas uma coisa assim já era demais. Era uma coisa assustadora. Decidi que iria deixar Ana dormir comigo por mais um tempo e procurar o psicólogo do colégio para conversar sobre o que fazer. Toda noite, então, era a mesma coisa.
-Maninho, posso dormir com vc?
Com o tempo, procurei mesmo o psicólogo da escola dela e marquei uma sessão. Levei ela até a sala dele, um cara simpático, e a deixei lá enquanto lia uma revista no corredor. Eles conversaram por quase duas horas e depois ele pediu para falar comigo.
-Tomas - ele disse - sua irmã apresenta um quadro normal de medo. Ela me contou sobre o seu pai, sobre sua mãe e a casa nova. Ela é apenas uma criança, não sabe canalizar o abandono de seu pai e as mudanças de atitude de sua mãe. Muito provavelmente por isso ela inventou um "ser", o tal do Vovô Ed, que por acaso só vc consegue combater. Isso reflete o medo que ela tem de ser abandonada por vc também, o que é extremamente natural. O que vc tem que fazer é mostrar para ela que vc não vai abandona-la e que esse ser não existe.
Relaxei ao ouvir essas palavras, afinal, ele era um especialista, certo? Agradeci e já ia embora quando vi um desenho em cima da mesa. Era inquietante e nojento. Tinha o formato de um rosto, mas havia rabiscos negros em certas partes, como se ali faltasse pele, os cabelos eram poucos em um couro cabeludo enrugado e cheio de feridas, sorria debilmente e isso mostrava a falta de muitos dentes. Os olhos eram incompletos, como se tivessem sido comidos. Pensei que minha irmãzinha tinha uma puta imaginação macabra.
Fomos para casa e decidi botar os conselhos do psicólogo em prática. Levei Ana para o quarto dela e mostrei que não havia nada de anormal ali, abri armários, levantei a cama. Fiz um verdadeiro teatro. Mas ela não parecia convencida, e naquela noite:
-Maninho, posso dormir com vc?
Tentei ignorar, mas comecei a ouvir o choro forte dela e as batias mais desesperadas.
- Por favor, maninho, por favor, ele quer me pegar, sei que quer. Não quero ir com ele. Ele vai me prender aqui com todos os outros.
Abri a porta.
-Que outros, Aninha?
-As outras criancinhas que ele pegou, maninho, vc não escuta elas chorarem?
Fiquei de coração partido e deixei ela entrar.
Mas tomei a decisão de que aquilo devia parar de um vez. Ana precisava aprender a dormir sozinha, e, Deus sabe o quanto eu estava cansado e irritado por acordar toda noite. Marquei então com uns amigos de ir à uma festa e de lá ir dormir na casa de um deles. Quando começou a escurecer, comecei me arrumar e vi Ana parada em minha porta.
-Vc vai sair, maninho?
-Vou.
-Mas vc vai voltar, não vai?
-Por favor, maninho, diz que vc vai voltar.
-Vou.- menti, olhei para a carinha dela, seu rostinho inchado do choro, os cabelinhos curtos e desgrenhados. - Me espera, tá?
E fui embora.
Na manhã seguinte, quando cheguei em casa havia viaturas e policiais em minha porta. Tentei entrar mas eles me barraram, e então eu vi eles retirando uma maca coberta, num formato pequenininho. Senti uma vertigem e desmaiei.
Quando acordei estava em um hospital e me contaram o que eu já sabia, que minha irmãzinha de alguma forma havia sido assassinada. Suspeitavam que alguém poderia ter entrado pela janela a noite, e como minha mãe estava dopada, nada ouviu. Pedi para ver o corpinho dela, mas me desaconselharam. Insisti.
Ela estava deitada nua naquelas macas de metal, seu rosto retorcido e inchado demonstrava o pavor que ela havia sentido. Ela apresentava marcas de mordidas e pedaços de carne faltavam em todo o corpo. Cortes e arranhões também se espalhavam. Havia uma marca roxa em volta de seu pescocinho. Alguém havia estrangulado e, literalmente, comido pedaços da minha irmãzinha. E eu sabia quem havia sido.
Saí de lá e fui direto para a biblioteca confirmar o que eu já sabia, a minha casa, na década de 50, havia sido de um tal de Edmund K***, um senhor acusado de raptar e assassinar crianças da região, mas nunca haviam achado provas e ele não foi condenado. Morreu na própria casa e seu corpo só foi descoberto pelo mal cheiro que tomou a região.
Lembrei do rosto de minha irmã quando fui embora naquela noite e tomei uma decisão, a mais calma e fria da minha vida.
Comprei duas facas de caça, bem resistente e fortes do mesmo homem que comprei uma dose absurda de heroína, pensei em um jeito que eu não ficasse debilitado após a morte. Fui para casa.
"Ele não gosta de vc. Acho que tem até medo"
" E ele adora criancinhas. Realmente adora. Ele fala que somos criaturinhas deliciosas."
" Vc é muito velho e muito forte"
Isso tudo passou pela minha cabeça enquanto preparava minha dose na seringa.
Esse filho da puta pegou a minha irmã. 
Mas nunca mais ele poderá encostar nela.
Porque agora eu que estou indo pegar ele."

Autora: Lara Gonzalez